segunda-feira, 5 de julho de 2010

Palestra promove cadastro para doação de medula em hospital de Cubatão


‘’No transplante de medula é possível uma pessoa com vida, salvar outra vida’’. Foi assim que o Professor Doutor Antonio Fabron Jr definiu o tema da palestra ‘’Doação de Medula Óssea’’, que deu início a um novo serviço no hospital Dr. Luiz Camargo da Fonseca e Silva, o cadastro voluntário para doador de medula óssea. A semana foi marcada também por ser a ‘’Semana de conscientização de doação de sangue’’, que foi instituída por lei em 12 de Junho de 2007.
O evento aconteceu no dia 25 no auditório do hospital, que a partir de agora, aqueles que desejam se cadastrar como doadores de medula, não precisarão mais se deslocar para outras cidades que possuem o serviço, como Santos, que pode ser feito no Hemonúcleo ou no hospital Beneficência Portuguesa, pois agora a cidade de Cubatão conta com esse novo serviço, que foi aberto para o público que estava presente e quem quisesse se cadastrar como doador poderia fazê-lo após a apresentação do tema e que irá funcionar de segunda a sexta das 7h00 às 14h00 no Banco de Sangue do hospital.
A iniciativa da parceria do hospital com a Secretaria Municipal de Saúde partiu da coordenadora do Banco de Sangue do hospital, Daniela Banks Esteves com o intuito de ajudar a população cubatense e facilitar o acesso de todos aqueles que desejam ser doadores de medula. ‘’Conheço o serviço do Hemonúcleo de Santos, confio na capacidade da Dra Rosane e por isso convidei o Dr. Fabron e a diretora da Hemorede da Baixada Santista e apresentei a idéia e eles concordaram’’, disse.
‘’O Dr. Medina e a Daniela me procuraram no Hemonúcleo e assim surgiu essa parceria que trará benefícios e tem tudo pra dar certo’’, afirmou Dra. Rosane Giuliane, Diretora da Hemorede da Baixada Santista. Ela contou também que foram feitas campanhas em faculdades, na Marinha, no Rotary Club para que houvesse mais difusão do tema. ‘’A Hemorede é responsável pelos cuidados com doenças do sangue. O sangue que é colhido é levado para o Hemonúcleo de Santos para o procedimento obrigatório de sorologia, ou seja, um estudo do soro sanguíneo quanto ao conteúdo de anticorpos. São realizadas 3 mil sorologias por mês’’, compeltou.
No início da palestra Fabron explicou que a medula óssea é o tecido que fabrica o sangue, os glóbulos vermelhos e brancos. Está localizada no interior dos ossos. A região da Bacia é a mais rica em medula. Disse também na medula óssea existe uma célula-tronco, que por ser diferenciada, será retirada para o transplante. Explicou também o processo de tratamento em que o paciente se submete a quimioterapia e radioterapia e a transfusão é feita direto na veia do paciente.
O transplante de medula é indicado para pessoas como Leucemia, Aplasia Medular, ou seja, doenças que causam a produção anormal de células. ‘’Nunca houve acidente com doador, pois o processo é simples e em três semanas, a pessoa pode voltar ao seu ritmo de vida, porque sua medula se regenera’’, completou. Antes da doação, a pessoa passa por procedimentos clínicos e médicos para ter a certeza de que poderá doar a medula.
Existem duas formas de transplante. A primeira é a retirada da medula com agulha, com aspiração da Bacia. Depois o material é transferido para a veia do paciente doente. O processo dura 40 minutos e a anestesia é geral. A segunda é feita pelas máquinas de Aferes, pois é possível transferir a medula para a corrente sanguínea. O procedimento dura de 60 a 90 minutos, mais utilizada para pessoas que não podem tomar anestesia.
‘’Um dos grandes problemas é que apenas 25% dos pacientes encontram doador dentro da família. Já os outros 75% dependem da ação voluntária da sociedade’’, desabafou Fabron. Outro dado que o palestrante mostrou foi que o Brasil tinha 50 mil voluntários cadastrados. Atualmente o número passou para um milhão e meio. O número de transplantes também aumentou consideravelmente. Em 2003, foram feitos 27 transplantes. Já no ano passado foram 200. ‘’Quando alguém precisava de transplante, o país buscava a medula em outros países. Isso custava tempo e dinheiro. Houve um movimento do Ministério da Saúde para ter o registro, o cadastro para a doação’’, disse.
As chances de se encontrar doador compatível em qualquer lugar do Brasil está de 1 para cem mil. Fabron contou que está cadastrado há sete anos e ainda não doou sua medula.
Para se fazer o cadastro e se tornar um doador é preciso seguir alguns requisitos:
1- Ter 18 anos até 54 anos e 9 meses, porque são necessários 3 meses para que todos os exames sejam feitos para assim a pessoa entrar no registro de doador. Até 65 anos, uma pessoa pode doar a medula.
2- 5ml de sangue será retirado na primeira colheita para a tipagem HLA, que são os dados genéticos do doador.
3- Será feito um teste de laboratório para identificar a tipagem HLA.
4- A tipagem HLA será registrada no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea.
5- O doador será avisado quando um paciente compatível com sua medula for encontrado.
6- Será feita a confirmação da compatibilidade com um novo teste sanguíneo.
7- Após a confirmação, o doador será consultado para decidir detalhes da doação.
Dr. José Carlos Medina Carvalho, Hematologista do hospital Dr. Luiz Camargo da Fonseca e Silva contou que promove palestras em escolas sobre o assunto porque acredita que a educação começa desde cedo e que assim, a difusão sobre o que é ser doador de medula óssea se espalhe e modifique o pensamento equivocado da população.
‘’Doar a medula óssea é um ato de cidadania. Quando se doa sangue, doa-se o tecido. Quando é a medula, doa-se o tecido que forma o sangue, que vai se regenerar em 3 semanas’’ afirmou.

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