segunda-feira, 5 de julho de 2010

Representantes da Federação Paulista de Capoeira ganham prêmio
Roupa branca, pés descalços, formato de roda, a cantoria iniciada com o som inconfundível de um berimbau, finalizado por um cumprimento iniciam uma disputa. Mas não é uma disputa com morte e sangue, não. E nem há um vencedor ou um perdedor. É uma disputa de paz, um jogo que mistura dança, música, arte marcial, esporte. Partes do corpo como mãos, pés, cabeça, joelhos fazem acrobacias no ar ao som das batidas dos atabaques, pandeiros e do famoso berimbau, em algumas canções unidas com o refrão: ‘’Paranauê, Paranauê, Paraná’’. Cada canção trata de diferentes assuntos do cotidiano, sobre seus mestres e o dia a dia de pessoas simples.
A capoeira está no Brasil desde o século XVI e é muito conhecida na cidade de Salvador, na Bahia. A cidade de Cubatão também faz parte dessa história de aprendizado, educação, uma prática esportiva que é 100% brasileira. E mais um orgulho para a cidade ter dois exemplos de dedicação, luta, humildade e força de vontade. Fábio de Oliveira Reis, o mestre Cabrito e Marivaldo Souza Matos, o professor Coelho são exatamente esse tipo de exemplo. Com experiência na capoeira há mais de 20 anos e com trabalho que realizam com crianças, adolescentes, adultos, com muita dedicação, suor e o mais importante, a paixão pelo esporte, foram nomeados Diretores Regionais da Cidade de Cubatão, representando a Federação Paulista de Capoeira. A solenidade aconteceu no dia 30 de maio, na Câmara Municipal de Osasco. Estiveram presentes no evento o presidente da Câmara de Osasco, Osvaldo Verginio, o presidente e o vice-presidente da Federação Paulista de Capoeira, professor mestre Ronaldo Rogério Souza e professor mestre João Moreira, o presidente da Confederação Internacional de Capoeira, mestre Valdenor, o presidente da Federação Brasileira de Capoeira, mestre Marcial e um dos fundadores da Federação Paulista, em 1974 e também primeiro mestre de capoeira a dar aulas dentro de uma universidade no país, Professor Mestre Gladson. Até hoje, Gladson desenvolve esse trabalho dentro da Universidade de São Paulo (USP).
Mestre Cabrito e o professor Coelho pertencem ao grupo de capoeira Meninos Guerreiros, que começou na antiga Vila Parisi, hoje o Ecopatio, que tem como fundador e presidente José Geraldo de Oliveira, o mestre Torrado. A coordenação dos trabalhos fica por conta do André Luiz dos Santos, o mestre Gafanhoto. ‘’O grupo é um trabalho social, voluntário, para crianças a partir 4 anos, até onde o corpo agüentar’’, brinca mestre Cabrito. O objetivo do trabalho é trazer os meninos para o lado bom da vida, ou seja, tirar as crianças da rua, da violência, das drogas, mas não tirá-las das ruas para perder a infância, algo que é comum hoje em dia. ‘’Atendemos 280 crianças nas 12 academias que possuem no município’’, contou mestre Cabrito.
Segundo ele, para uma criança, a capoeira traz benefícios por trabalhar com disciplina, coordenação motora, lateralidade, musicabilidade. Para o mestre, é um complemento da educação dada pelos pais, que apreciam o esporte e seus benefícios, porque os filhos passam a ter um rendimento melhor na escola. ‘’Para participar do grupo, a criança necessita estar matriculada em uma escola’’, explicou.
O treinamento acontece duas vezes por semana, durante três horas e as turmas são mistas. Os problemas como violência, abuso sexual, ausência dos pais, é facilmente identificada com a prática da capoeira. Quando isso ocorre, mestre Cabrito e professor Coelho conversam com os pais da criança e os aconselham a encaminhar a criança para o Conselho Tutelar.
Quando acontecem os eventos esportivos, a Prefeitura, o Semes, o Semas (Secretaria Municipal de Assistencia Social) e a Seduc (Secretaria de Educação) ajudam com transporte, espaço, alimentação, uniforme. ’’Encontramos dificuldades, depois que nos registramos no CNPJ, o apoio foi mais fácil’’, explicou mestre Cabrito.
O grupo participou pela primeira vez de um torneio oficial, foi na Copa Riberão Pires de Capoeira, que aconteceu no dia 16 de maio. Levaram 15 atletas e trouxeram 6 medalhas. Duas de ouro com os atletas Mayara e Denis; Duas de prata com as atletas Daira e Jamile e duas de bronze com Joselito e Sara. Ficaram em 5º lugar na classificação geral entre as 18 academias participantes. Segundo mestre Cabrito, o torneio foi uma preparação para o Campeonato Paulista de Capoeira que acontecerá em novembro deste ano, em São Paulo. De acordo com mestre Cabrito, 30 atletas estarão no campeonato.
O trabalho do grupo Meninos Guerreiros também está na cidade de São Vicente, nos bairros: Quarentenário, Rio Branco, Humaitá e Pernambuco, na cidade de Bom Jardim. As academias estão com matrículas abertas. Os interessados devem procurar os núcleos da cidade de Cubatão: Cota 200, U.M.E Alagoas – Fabril, Pilões ,ao lado da sede da Associação dos Moradores de Pilões, Vila Esperança – ONG Cubatão de bem com o mangue, Ilhabela ,na Associação dos Moradores de Ilhabela, Costa Muniz, na Associação de Moradores de Costa Muniz, Vila São José, no Centro Comunitário Vila São José, Bolsão 8, na Academia do Povo, Bolsão 9, na Associação de Moradores do Bolsão 9, Casqueiro, no Conjunto Habitacional São Judas Tadeu e n Sociedade Melhoramentos do Casqueiro (Someca), Vila dos Pescadores e U.M.E Colégio Princesa Isabel, Costa e Silva.
O grupo é formado por familiares de mestre Cabrito. Mestre Geraldo é tio, mestre André, mestre Beto, contra-mestre Pavão, contra-mestre Tatinha e contra-mestre Tabu são primos.
Com a função de diretores, Fábio de Oliveira e Marivaldo Souza pretendem unir mais ainda os grupos de capoeira que existem em Cubatão.’’Através da Iniciativa Privada, do Poder Público ter um suporte melhor e continuar a implantar a capoeira nas escolas, nas associações de moradores’’, finalizou professor Coelho.

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